1. Portal da entrada principal
INVOCANDO S. JERÓNIMO… é um título que remete para a obra do escritor francês Valery Larbud, ‘Sous l’invocation de Saint Jérôme’, publicada em meados do século XX. A primeira parte da obra é dedicada ao patrono dos tradutores e abre com uma citação de Séneca, que recomenda guardar os retratos dos grandes homens e honrar os dias em que nasceram.
Seguindo os conselhos destes grandes mestres, darei conta, agora e nos próximos tempos, daquilo que há já alguns anos empreendi: procurar pelo país fora a iconografia ainda existente sobre S. Jerónimo. Foram quilómetros e quilómetros de viagens que agora recordo com saudade. Parei em igrejas e mosteiros. Visitei muitas cidades, algumas vilas e aldeias.
Parti do Mosteiro de Santa Maria de Belém, mais conhecido pelos ‘Jerónimos’. Seria de esperar que ali encontrasse uma vasta iconografia do Santo. Com efeito, apesar das agruras do tempo, o Santo Patrono dos tradutores está representado em esculturas no exterior do Mosteiro, e, em número muito inferior, no interior, onde se podem encontrar ainda algumas telas e esculturas na igreja, no coro e na sacristia.
A primeira fotografia que se publica mostra S. Jerónimo a proteger o rei D. Manuel I, fundador do Mosteiro, de quem era fervoroso devoto. A estátua encontra-se do lado esquerdo do portal da entrada principal da igreja. Nem todos os turistas que por ali passam identificarão o Santo. Porém, o peito desnudo, a pedra na mão e o leão identificam-no. Assim o quis o escultor que, sobre os escudos do Reino colocou o Rei e o seu Patrono. Alguns destes símbolos constam também na tela (segunda fotografia) atribuída a Avelar Rebelo, pintor do século XVII. Mas, aqui, S. Jerónimo não é o penitente do deserto, é o homem culto do século IV, o tradutor da Bíblia.
Carlos Castilho Pais
Professor Universitário
2. Tela atribuída a Avelar Rebelo, refeitório