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No meu sonho não havia estrelas douradas em arranha-céus.
Mas todas as crianças do mundo tinham nos olhos um brilho de estrelas.
No meu sonho não havia palácios destinados a espaventosas receções sociais.
Mas todas as crianças do mundo tinham casa para morar.
No meu sonho não havia gigantescas árvores iluminadas por biliões de watts.
Mas todas as crianças do mundo tinham luz elétrica nas suas casas.
No meu sonho não havia grandiosas fontes jorrando a água de mil cascatas.
Mas todas as crianças do mundo tinham água potável para beber.
No meu sonho não havia lautas mesas repletas de acepipes raros.
Mas todas as crianças do mundo tinham uma refeição quente para comer.
No meu sonho não havia convidados famosos de riquíssimos trajes.
Mas todas as crianças do mundo tinham uma roupa nova para vestir.
No meu sonho não havia sofisticados brinquedos bélicos.
Mas todas as crianças do mundo tinham um livro para aprender a ler.
No meu sonho não havia deuses, nem altares, nem santos, nem dogmas.
Mas todas as crianças do mundo tinham aprendido a amar.
No meu sonho não havia predomínio de raças ou cores ou etnias.
Mas todas as crianças do mundo tinham oportunidades iguais.
No meu sonho não havia campanhas de Natal para o Terceiro Mundo.
Mas todas as crianças pertenciam a um único mundo.
– Será que sonhei com o Natal?
Texto de Margarida Fonseca Silva
Publicado em dezembro de 2004
Magazinephilos nº 12